sábado, 2 de novembro de 2019

Promessas...


Eu quero continuar acreditando que posso confiar nas pessoas;
Que ainda é possível ter amizades sinceras, onde não se convive por meros interesses e egoísticos sentimentos.
Eu quero crer que ainda posso olhar nos olhos de quem desfruta comigo de espaços comuns, e num simultâneo aperto de mão pactuar verdades e não mentiras fundamentadas sobre a areia frouxa da falsidade.
Se é que ainda se pode...
...eu pretendo ainda alimentar esperanças que me plantam no coração em meio a papos de amigos de fé, e não amigos da onça.
A bem da verdade, se eu fosse levar em conta as tantas vezes que levei o famoso "calça arriada", já teria me isolado numa caverna e me transformado num ermitão, porque mesmo que não queiramos admitir, parece que é intrínseco à natureza humana prometer e não cumprir, não honrar com a palavra, não ser pontual, ser trambiqueiro e fazer as pessoas de trampolim para galgarem os mais perversos propósitos.
Sinceramente, eu não me daria a tal comportamento, de mesmo sabendo ser impossível ser leal na honradez de uma promessa, ter a "cara limpa" de prometer mundos e fundos quando nem o trivial vem a se tornar real.
Não é por acaso que no exercício de uma das minhas atividades profissionais encontro cada vez mais pessoas que nem querem conversa quando o assunto é política, porque já estão saturadas com tanta enganação. 
Certa vez, ao perceber a tremenda empolgação de um amigo em entrar para o mundo político, aconselhei-o a seguir sua vida acadêmica e se preservar de momentos de brutal desapontamento, porque por experiência é o que mais se vê. Pode-se contar a dedos pessoas que entram para a vida pública e conseguem se manter íntegras, com comportamento ilibado e intocadas no aspecto moral. Via de regra os valores são invertidos e os padrões morais vão para o ralo quando os cifrões passam a ser a paisagem mais bonita para ser contemplada.
Ouvi ainda na minha adolescência que todo ser humano tem um preço. Será? Será mesmo que a raça humana é tão medíocre por não se lembrar que vivemos aqui um ciclo, que se finda quando o coração para e não respiramos mais? Será que ninguém se lembra que nu viemos e nu ao pó retornaremos?
Pergunto eu: qual o valor da sua vida? Você é mensurado pelo tanto que acumula, desvia, rouba?... Afinal, a nomenclatura do infortuito ato de subtrair o alheio ou surrupiar o erário público muda. Enquanto a plebe rouba, a burguesia desvia; enquanto o meliante comete o seu crime e causa danos a particularidade, o homem público leva à desgraça milhares ou milhões de pessoas numa só "tacada" de deslealdade ao deixar os menos favorecidos a mercê da própria sorte inserindo-os na marginalidade e na incapacidade de usufruírem do básico para se sentirem gente.
Eu quero mesmo continuar pensando que posso acreditar nas promessas que me fazem, nas tantas vezes que me chamam de amigo e reforçam um trato que era pra ontem e já quase faz aniversário.
Quero sim, quero continuar apertando mãos e olhando nos olhos de quem me promete o céu, mesmo percebendo que estou mais próximo do léu.
E para terminar, se for para não acreditar, o melhor mesmo é ir para bem longe de toda e qualquer demagogia para nunca mais voltar.
Saudades da terrinha...

1 comentário:

  1. Texto fantástico, uma crítica ao idealismo político e sua paixão. Todavia, não existe moral e ética na política, bem como, no direito. Mesmo sendo a política um charco de lama , quem tem caráter jamais perderá, entra na lama, suja os pés, mas sai com as roupas limpas. Falo por experiência , se isso é estática, eu não sei, mas tive a oportunidade de hoje está numa casa própria, carro do ano, usando minha instituição para lavar dinheiro, e já fui chamado para ser laranja. Não é a religião que forja o caráter, assim como não é a política que tira. Caráter é uma decisão de ser , firme vontade de ser, honestidade é o reflexo do caráter.

    Lamentável que a política esteja desintegrando a sociedade, deveria ser o contrário, mas diante do Jornalismo que vemos no BRASIL,diremos aos pretendentes que não entrem para o Jornalismo, já que, o jornalismo está tão corrompido quanto a política? Que diferença faz? Se um político rouba, mente, é inoperante, por trás dele tem uma imprensa protetora e promotora da mentira, pois, afinal, o que importa é receber para noticiar só as boas ações, e silenciar-se diante das más!? Se orientarmos os bons jornalista deixarem suas carreiras só porque a profissão cai em descrédito, o que será do povo? Se orientarmos pessoas vem intencionadas e comprometida com valores a não entrarem ou saírem da políticas, o que será do povo nas mãos dos maus?

    A meu ver, tanto no jornalismo como na política e direito, ética e moral estarão ausentes, pois, tais relações se fundem em interesses.

    Portanto, não se pode olvidar, que, política e moral não andam de mãos dadas, mas, seja no jornalismo ou política, quem se corrompe é porque nunca teve caráter, ou cedeu às vil paixões da politicagem.

    Parabéns pelo belíssimo texto, "este cara sou Eu"!

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